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Tissa Berwanger


A carioca Tissa Berwanger é joalheira com formação em Design de produto pela PUC-Rio (2006), e especializada em Design com metais preciosos e ourivesaria pela Zeichenakademie Hanau (2011), na Alemanha. A marca autoral com seu nome tem como características a excelência técnica, o design premiado e a consciência sócio-ambiental. Suas peças são encontradas desde 2016 no maior museu de arte da América Latina, o Masp, e também em sua loja online. 

Design premiado

A designer desenvolve joias dentro da viabilidade técnica que ela mesma performa, em que produção e criação caminham juntas. Todos os seus brincos contam com a tarraxa O-NUT, criada por Tissa e premiada em 2016 com um IF Design Award – maior prêmio de Design internacional –, por suas soluções estética e funcional inovadoras. Desenvolvida e aprimorada desde 2007, trata-se de um acessório que traz um novo conceito de como fixar brincos tipo espeto na orelha.

- De forma tubular cilíndrica, a tarraxa é de fácil limpeza interna e externa – e mais segura que as tarraxas comuns, já que possui um sistema de pressão que impede que a tarraxa caia com facilidade – explica a designer.

Técnicas artesanais

Suas peças são produzidas preferencialmente à mão, de A a Z, usando seu método artesanal de alta precisão, no qual ela é responsável por 95% das etapas. Todavia, Tissa também incorpora em alguns desenvolvimentos a utilização das tecnologias como a impressão em 3D e o corte a laser, visando principalmente escalar sua produção e otimizar a gestão do tempo, uma vez que concilia maternidade, docência e o gerenciamento de sua empresa.

Em seu trabalho, Tissa insere o conhecimento das propriedades químicas dos metais que têm diferentes características, escolhendo para cada joia a combinação ideal. Na maioria das produções a mistura é feita pela joalheira, garantindo assim a qualidade e a pureza das ligas.

Tissa escolheu trabalhar com slow design por meio do conceito da produção de uma joalheria autoral, atualizando os valores dos saberes tradicionais dos artífices e atendendo aos princípios da economia circular.

- Ao comprar de um artesão, você garante a perpetuação de uma cultura. Se os processos passarem a ser todos industriais, a tradição morre – avalia Tissa.

Projetos com significado emocional

As suas peças concentram-se em variações geométricas; decomposição de formas básicas como o círculo e o quadrado; desenhos e cortes de sólidos geométricos; exploração de simetria e assimetria e investigação de reflexos a partir de dobras de chapas. Em seus estudos para projetar uma peça, muitas vezes ela vislumbra o manuseio e a participação do usuário no produto final, que, ao interagir com o objeto, tem a possibilidade de modificar e recriar o seu uso. 

Tissa segue o seu caminho de consciência e expressão da sua identidade, que se desenvolve a partir das suas raízes, mistura das suas origens ancestrais.

- O valor de uma joia é o afeto nela contido, seu processo de fabricação, um design atento à necessidade da usuária. Tudo isso está muito além do valor do metal – diz. 

Preocupação ESG

No quesito ESG, Tissa tem se posicionado com a campanha “Seu ouro, nosso planeta” (desde 2022), convocando seus clientes para a campanha, na qual eles trazem joias de família e encomendam novas peças, muitas vezes personalizadas. Do total da produção em ouro de 2023, 72% é ressignificado de clientes. De 2022 para 2023 a campanha teve um aumento de 26% no número de adeptos. 

- Quem trabalha com produtos oriundos da extração mineral, assim como quem os consome, precisa ter consciência do dano que a atividade causa, por isso faço o que está ao meu alcance para neutralizar esse impacto – explica Tissa.

Além disso, desde 2021 (pós-pandemia), Tissa oferece bolsas de 70% em seus cursos online para mães empreendedoras que têm filhos pequenos e que com dificuldade conciliam maternidade e empreendedorismo.

Compartilhamento de conhecimentos
Por mais de 5 anos Tissa foi docente da Escola de Joalheria Firjan/Senai-RJ e há 10 anos ela leciona ourivesaria e orientação de projetos em seu ateliê no Rio de Janeiro, adaptando ao Brasil técnicas aprendidas na Alemanha.

- Como professora também aprendo o tempo inteiro. E garanto que o nosso saber ancestral não se evapore, preservando a cultura – diz.